UFSCar realiza pesquisas voltadas à transição para a sustentabilidade
Texto: Gisele Bicaletto – 24/6/2024
A UFSCar desenvolverá ao longo dos próximos três anos dois projetos de pesquisa voltados à expansão do conhecimento transdisciplinar sobre o papel da biodiversidade na transição para a sustentabilidade dos sistemas socioecológicos, ou seja, que envolvem seres humanos e o ambiente natural. As propostas, envolvendo cientistas dos quatro campi da Universidade, estão entre as 12 aprovadas em edital do programa Biota, da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), com o tema específico “Transformação – Promovendo transições para a sustentabilidade”.
Um dos projetos, intitulado “Territórios urbanos e suas áreas verdes: biodiversidade e desenvolvimento em sistemas adaptados complexos”, integra as ações do grupo de trabalho temático (GTT) Biodiversidade para o Futuro, vinculado ao Instituto de Estudos Avançados e Estratégicos (IEAE) da UFSCar. A proposta é coordenada por Angélica Penteado Dias, docente no Departamento de Ecologia e Biologia Evolutiva (DEBE) e integrante do GTT.
Luciano Lopes, docente no Departamento de Ciências Ambientais (DCAm) e coordenador do GTT, indica que este é o primeiro projeto do Grupo contemplado por financiamento da Fapesp, e que os objetivos estão relacionados. “A proposta do GTT alinha-se completamente com essa chamada. Um dos princípios declarados na criação do GTT é ir além da produção de conhecimento, com influências mais visíveis na conservação da biodiversidade e no bem-estar da sociedade, ou seja, buscando a transformação social. O Grupo foi fomentado pelo IEAE a partir da temática ‘Crise da Biodiversidade,’ e a solução para essa crise certamente envolve a transição da sociedade para uma existência mais sustentável do ponto de vista econômico, social, cultural e ambiental”, define Lopes.
A segunda proposta da UFSCar contemplada é coordenada por Debora Cristina Rother, do Centro de Ciências da Natureza (CCN), situado no Campus Lagoa do Sino. Intitulada “Soluções baseadas na natureza para a gestão de paisagens multifuncionais”, também deverá receber a colaboração do grupo do IEAE. O projeto é voltado à busca de estratégias de manejo de paisagens multifuncionais para a conservação da biodiversidade e de serviços ecossistêmicos relacionados ao controle de pragas nos agroecossistemas. “Nossa proposta se alinha com a chamada da Fapesp por sua natureza de coconstrução e coprodução de estratégias para manejar Áreas de Preservação Permanente visando torná-las biofábricas para prover, sustentar e ampliar as populações de espécies controladoras de pragas”, destaca Rother, elencando uma das prioridades da chamada do Biota, que era o trabalho conjunto de cientistas com outros atores e grupos sociais.
A proposta envolve, além da participação de docentes e estudantes de graduação e pós-graduação, a ação de produtores rurais e integrantes de organizações como cooperativas agrícolas. “A aprovação deste projeto é importante para o CCN, pois amplia a capacidade de formação e pesquisa no Campus, proporcionando aos estudantes de graduação e potenciais pós-graduandos a oportunidade de participar em atividades de pesquisa transdisciplinares e em cooperação com diversos atores. Isso pode contribuir significativamente para a criação de um ambiente acadêmico robusto e intersetorial, essencial para o fortalecimento dos novos cursos de pós-graduação do campus – em Conservação da Fauna e em Conservação e Sustentabilidade”, avalia a coordenadora.
Biodiversidade para o futuro
O GTT Biodiversidade para o Futuro iniciou suas atividades em fevereiro de 2023. Seu objetivo geral é produzir, organizar e divulgar conhecimento sobre redes de causas e consequências da crise da biodiversidade. O grupo tem se dedicado às ações de planejamento, envolvendo integrantes de diferentes áreas do conhecimento, para delinear os caminhos adequados para trabalhar a relação entre as pessoas, a biodiversidade e o meio ambiente e qualificar a governança sobre essas questões nas cidades.
Atualmente, o Grupo conta com 75 participantes, dos quatro campi da UFSCar, com formações diversas, incluindo participantes não acadêmicos, como pessoas que atuam na gestão pública e organizações não-governamentais, além de pessoas interessadas pela temática. As frentes de trabalho são: produção de conhecimento; modelagem; sínteses; produções artísticas; material audiovisual e lúdico; plataforma de dados; articulação interinstitucional; redes de iniciativas UFSCar; formação universitária; comunicação pública; eventos; empregos e negócios; e gerenciamento de projetos.
O Grupo é um dos três GTTs do IEAE. Os demais são os grupos “Conexões Invisíveis” e “Hidroinformática”.